web analytics
Compartilhe no Facebook

A Beatriz só teve notas 20 e entrou para Medicina… mas tem dificuldades em comprar os livros

A Beatriz Araújo foi caixa o Pingo Doce enquanto estudava e entrou com média de 19,4.

Mas apesar disso, não tem como comprar os livros.
O custo do ensino superior é elevado.

Mas isso não a impediu de lutar e trabalhar ao mesmo tempo que estudava para entrar na faculdade. Entrou com 19,4, em medicina.

“Sei que levar a vida que levei e ter essas notas não é comum, nem fácil. É difícil não ter essa noção quando se estuda no contexto de um colégio privado”

Ela estuda, namora, sai com os amigos quando não está a trabalhar na caixa do Pingo Doce e tem uma vida normal. Em vez de receber explicações, ainda dá explicações para poder aumentar o orçamento familiar.

“Não venho de uma família abastada e os meus pais não são médicos ou engenheiros. Na verdade, mal terminaram o ensino secundário. Além disso, tive de aprender a conciliar o trabalho com a vida de estudante, o que não é uma realidade muito frequente”, disse em entrevista ao JN.

“Não vou mentir, entre passar o fim de semana inteiro na caixa do Pingo Doce, dar explicações três horas por semana e passar algumas tardes no escritório da Bluebird, tudo se resume a menos horas de sono do que o aconselhado e muita força de vontade”, confessa.~

Deixar de trabalhar não é uma opção, porque terá ainda mais encargos nos próximos seis anos de curso. As propinas anuais rondam quase 900 euros, ao que acresce o preço elevado dos livros necessários para estudar. «Estamos a falar de manuais que, em alguns casos, custam mais de 200 euros e que são obrigatórios para poder estudar», conta. Este investimento não lhe permite dedicar-se apenas à vida de estudante. Contudo, ainda que o pudesse fazer, confessa, continuaria a trabalhar. «Talvez menos horas. Não me imagino a pedir dinheiro aos meus pais para tomar um café a esta altura da minha vida. Gosto de sentir que tenho alguma independência financeira e que não sou um encargo para eles», conclui.

Este é o relato do JN e da Impala, feitos por uma pessoa rara em Portugal, mas com muita garra e força de vontade.

Parabéns Beatriz. És um orgulho nacional!