A atual PGR ouviu as denúncias de duas técnicas da Santa Casa da Misericórdia e não travou o processo de adoção de Vera, Luís e Fábio
A atual Procuradora-Geral da República sabia de todas as irregularidades na adoção dos três irmãos que foram entregues à filha do Bispo Edir Macedo e ao bispo Romualdo desde 1999.
Foi alertada na altura por Teresa Brandão, então responsável do serviço de adoções da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e pela assistente social que estava a tratar do caso, Clara Martins, que agora confirmam tudo à TVI.
Ambas tinham recebido uma denúncia de um elemento da IURD de que os três irmãos – Vera, Luís e Fábio – iam ser distribuídos por duas famílias, uma delas a do bispo Edir Macedo, líder máximo da Igreja Universal do Reino de Deus.
“Tinham-nos alertado para o facto de as crianças não viverem com Alice e que iam ser adotadas por ela para depois serem entregues a outras famílias”, conta Teresa Brandão.
Perante esta informação, ambas foram falar com Joana Marques Vidal, na altura a coordenadora máxima do Tribunal de Menores de Lisboa, para impedir a adoção das crianças, tendo-a informado que os irmãos iam ser distribuídos por dois bispos da IURD que nada tinham a ver com o processo legal de adoção em Portugal.
“E então fomos ao tribunal falar com Joana Marques Vidal, que nos ouviu. Ela ficou um bocado preocupada, pareceu-me.”
“Éramos duas técnicas na presença de Joana Marques Vidal e estava também uma funcionária judicial, que terá ouvido toda a situação que nós descrevemos.”
Isto significa que a atual PGR soube de tudo detalhadamente cinco anos antes de ter sido decretada a adoção de Vera, Luís e Fábio.
Teresa Brandão e Clara Martins contavam que, após esta conversa, a adoção tivesse sido travada, e só se aperceberam que avançou quando viram a série de investigação da TVI “O Segredo dos Deuses”.
Para além da adoção não ter sido travada, as duas técnicas da Santa Casa estranham a existência de documentos pouco habituais nestes processos, que revelam uma intervenção, também pouco habitual, da provedora da Santa Casa da época, Maria do Carmo Romão.
“As petições para a confiança judicial que a Misericórdia fazia não são assim.”
“Pode haver aqui grandes falsificações.”
A TVI pediu um comentário à PGR sobre estas declarações, mas, em comunicado, Joana Marques Vidal refere que não vai comentar, remetendo para o comunicado do passado dia 12, em que diz que na altura não detetou irregularidades no processo de adoção da IURD de 1999.
fonte: TVI