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André Ventura, que falou mal dos ciganos, investiugado pelo Ministério Público por crimes xenófobos

MP quer inquirir candidato 11 dias antes das eleições. Ventura afirma não “retirar uma vírgula” ao que disse

O Ministério Público (MP) abriu um inquérito formal após queixa do Bloco de Esquerda contra as declarações do candidato do PSD à Câmara Municipal de Loures, em entrevista ao i, sobre a comunidade cigana.

André Ventura, o candidato social-democrata que era também apoiado pelo CDS, mas deixou de ser na sequência dessas afirmações, será ouvido pelo MP no próximo dia 19, uma terça-feira, onze dias antes de ir a votos para as eleições autárquicas de 2017.

O Bloco de Esquerda havia apresentado queixa-crime contra o dirigente nacional do PSD em julho, alegando que as suas declarações ao i são “racistas e xenófobas para com a comunidade cigana”.

Ventura havia gerado controvérsia após criticar a comunidade cigana de Loures por se “julgar acima do Estado de Direito”.

O Bloco, por sua vez, considerara que essa entrevista “não só difama as pessoas de etnia cigana, dizendo que estas são beneficiadas, como incita explicitamente à discriminação destas pessoas”.

O Ministério Público recebeu a queixa, abriu inquérito formal e convocou Ventura para prestar deeclarações no dia 19 de setembro.

Escutado pelo i, o candidato social-democrata à presidência da Câmara de Loures diz-se “surpreendido” com a decisão.

“Fiquei surpreendido com a decisão de instaurar um inquérito sobre algo que é evidente estar no domínio da liberdade de expressão e opinião, fundamentais à nossa democracia”, afirma ao i o dirigente nacional do PSD.

André Ventura, que é também professor universitário de Direito, acrescenta ainda: “Confio plenamente na Justiça e nos nossos magistrados e sei que a decisão final deste processo será justa e de acordo com a liberdade que conquistámos a 25 de Abril de 1974”.

E remata com a garantia de não voltar atrás no antes defendido: “Quero dizer isto muito claramente: independente dos processos que me movam, não retiro uma vírgula àquilo que disse relativamente à comunidade cigana”.

Num estudo feito pela Aximage a pedido do grupo Cofina, em finais de agosto, 67% de uma amostra nacional e pluripartidária admitiu concordar com as declarações polémicas do candidato, 25,2% revelaram não concordar, 3,3% não tiveram opinião e 3,7 não concordaram nem discordaram.

Dentro do eleitorado do Bloco de Esquerda inquirido, 55,7 admitiu concordar, 37,6 não concordar, 4% sem opinião e 2,8 não concordaram nem discordaram.

Fonte: Jornal I