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As políticas de António Costa não são assim tão diferentes das de Passos Coelho

Antes de deixar Berlim, Marcelo Rebelo de Sousa deu uma entrevista ao Die Welt. As palavras foram de equilíbrio governativo e estabilidade.

As diferenças entre o caminho traçado pelo atual governo e pelo de Passos Coelho, afinal, não são assim tão grandes.

A ideia foi deixada por Marcelo Rebelo de Sousa, que em visita a Berlim, deu uma entrevista ao jornal alemão Die Welt.

“O programa [de António Costa] não está assim tão longe do que o anterior governo conservador traçou”, disse o Presidente da República, em Berlim, assumindo que esta similaridade só tem uma razão: “a realidade é como é”. Até “podemos sonhar em mudar a UE um dia, mas apenas quando os equilíbrios forem outros”.

Apostado em serenar os ânimos da Alemanha em torno do Governo português, Marcelo sublinha que “o compromisso e a vontade de apoiar o governo foram muito mais fortes do que os ideais”, que afastavam os vários partidos da coligação em matérias como a NATO, “a atitude crítica da União Europeia” e a “medição dos défices”. Admite, assim, que “as pessoas previam que era impossível os socialistas e os partidos da esquerda adoptarem um programa de governo”, mas lembra que “até agora foi tudo feito”.

E, apesar de a Oposição profetizar a queda “hoje ou amanhã” do governo, para o Presidente a estabilidade parece manter-se: “Eu não tenho tanta certeza disso”, disse. O Presidente da República aproveitou também para salientar que a aplicação de sanções a Portugal é “injusto”, lembrando que o governo anterior fez o possível para Portugal recuperar a sua economia.

“Fez tudo o que estava ao seu alcance para cumprir as obrigações. E tinham um trabalho muito difícil, há que valorizar a enorme evolução conseguida”. No entanto, lembrou “a enorme dívida” que é fruto de uma passagem de uma economia fechada por um período de 40 anos e que, à boleia das iniciativas europeias, apostou no investimento público. “Isso custou dinheiro”.

O Presidente da República repara ainda que atualmente, com “tantos problemas como refugiados, migrações e a proposta para o Reino Unido deixar o grupo, a UE não se pode dar ao luxo de perder um segundo” com problemas que afinal eram uma ameaça em 2010 e 2011, mas podem já não o ser atualmente.

E, relativamente às migrações, Marcelo não deixa dúvidas: “Quando se tem como um milhão de pessoas a exercer pressão sobre a Grécia, Turquia e Itália, todos os dias, se essa é a realidade, então tem de se encontrar uma resposta europeia comum”. Marcelo aproveitou ainda para, nesta matéria, elogiar Angela Merkel por ter percebido o problema e “o novo desafio para a Europa” e para agradecer ao país por ter ajudado a manter a democracia nacional.

Fonte: Dinheiro Vivo