“Dia 8, faz 10 meses que vivemos num carro”. José e Rosário passaram o Natal e o Ano Novo num carro. Lojistas do Centro Comercial ajudam como podem mas não escondem a revolta com a Segurança Social.
A história foi divulgada pelo JN e conta que eles vivem num Citroën Sacho com cerca de vinte anos. Um carro que já de si está velho, que nunca devia servir para uma “casa”, como o está a ser.
Estão há três meses em Leça da Palmeira, no Mar Shopping, mas já estiveram noutros pontos do país. São oriundos de Cascais. Rosária tem 47 anos e uma depressão crónica. Já estiveram em Itália mas, como em Portugal, a vida não lhes tem corrido bem. Querem ajudar uma casa, mas não conseguem.
“Por um quarto pedem, em média, 300, 400 euros. Como posso pagar? Não posso. Quando recebo [a reforma], vamos para uma pensão. Mas é só uma noite; não tenho dinheiro para mais. Só tomamos banho nesse dia, uma vez por mês. Nos outros dias, é no centro comercial, mas não é tomar banho”, contou José Luís ao JN.
Ela foi auxiliar de hospital e ele segurança privado. Noutros tempos viveram com a dignidade que os empregos lhes proporcionaram. Mas tudo não passam de memórias. Memórias que Rosária ouve o marido contar e tapa a cara quando as ouve.
Ofereceram-lhe cobertores mas dentro do carro “o pior é a humidade, porque dentro do carro é como se chovesse”.
“A Segurança Social foi contactada”, “já aqui vieram três assistentes sociais. Como vêm ao local, veem estas condições e não fazem nada?”, questiona uma lojista do centro comercial.
