Está prevista ainda a alienação das operações em Espanha, Brasil e África do Sul, e fecho de escritórios em Londres e Nova Iorque
Estes dados constam do plano estratégico criado ainda pela administração de António Domingues. Mas tudo indica que se irá manter, uma vez que Paulo Macedo, esta semana, afirmou que “a Caixa precisa de desenvolver o seu trabalho e pôr em prática o plano que está aprovado”.As contas são simples: o banco prevê cortar na remuneração de quem lá tem poupanças, que em termos médios irá passar de 0,6% para 0,2%. Já quem precisar de crédito vai ter de pagar mais. No conjunto, as duas medidas devem render mais de 400 milhões de euros até 2020.
A verdade é que esta estratégia não é nova. Em novembro, a CGD já tinha revisto em baixa os juros oferecidos nas suas aplicações a prazo e cortou para metade quase todas as taxas dos novos depósitos e das renovações das poupanças.
Ao mesmo tempo, o banco vai aumentar as comissões a pagar pela seguradora Fidelidade. Ou seja, quantos mais seguros forem vendidos aos balcões, mais a companhia terá de pagar. A atualização das comissões vai aplicar-se também a alguns serviços prestados aos clientes do banco. Esta medida, segundo as contas do ainda administrador, deverá gerar um ganho na ordem dos 150 milhões de euros.
Encerramentos e saídas O novo plano de negócios da instituição prevê ainda o fecho de 180 agências em quatro anos e a saída de cerca de 2200 trabalhadores, sobretudo através de pré-reformas. A este número é preciso ainda acrescentar as 460 saídas ocorridas durante este ano. Com esta reestruturação, o banco do Estado prevê reduzir os custos operacionais e diminuir as despesas com pessoal em 75 milhões de euros.
Outro objetivo passa por reduzir a presença da Caixa no exterior. Daí estar prevista a alienação das operações em Espanha, África do Sul e Brasil, bem como o encerramento dos escritórios de Londres e Nova Iorque.
Perdas até 3 mil milhões Tudo indica que a Caixa termine o ano com prejuízos entre dois e três mil milhões de euros. Este valor só ficará abaixo dos três mil milhões se se verificarem efeitos fiscais, uma vez que a instituição financeira vai contabilizar imparidades relacionadas com imóveis a fim de ficar limpa para a injeção de capital de até 2,7 mil milhões de euros.
Mas a ideia é que o esforço de imparidades se reduza até aos 150 milhões até 2020, enquanto os lucros deverão chegar aos 670 milhões de euros em 2020. Ainda assim, deste total, cerca de 120 milhões de euros serão provenientes das operações no exterior que, nessa altura, deverão estar reduzidas a Macau, Angola e Moçambique.
Bruxelas na expetativa Ontem, a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, disse estar em contacto com o governo e a acompanhar as evoluções na Caixa, esperando que o banco “siga em frente” após a recapitalização. “Estamos em contacto normal com o governo português para que este e a nova administração da CGD digam como o caso vai seguir. Esperamos que, depois da injeção de capital, o banco possa seguir em frente.”
Já na segunda-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno, tinha referido não haver qualquer razão para se questionar o acordo com a Comissão Europeia sobre a recapitalização da CGD, até porque o novo presidente executivo, Paulo Macedo, “cumpre os requisitos”.
Por isso mesmo, o ministro das Finanças acredita que o processo de recapitalização deverá prosseguir como previsto. Ou seja, será posto em marcha durante o próximo ano.
O certo é que o banco público continua a atravessar uma fase de transição e este processo tem sido cada vez mais polémico. Depois do pedido de demissão de António Domingues, três meses depois de tomar posse, esta terça-feira foi a vez de o Tribunal de Contas divulgar um relatório a acusar as Finanças de “falta de controlo” na CGD entre 2013 e 2015 – uma acusação que levou a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque e o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a afirmarem que não compreendem as conclusões do tribunal sobre falta de transparência no controlo da Caixa.
Fonte: iOnline