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“Desapareceram” 1,3 milhões no fundo que Governo criou para Pedrógão

Fundo criado com os donativos particulares para as vítimas do incêndio de 17 de junho tem 1,9 milhões de euros, quando o total estimado de transferências é de 3,2 milhões

 

fundo criado pelo Governo com os donativos particulares para as vítimas de Pedrógão Grande, o Revita, tem 1,9 milhões de euros quando o total estimado de transferências é de 3,2 milhões. A informação foi prestada pelo ministro Vieira da Silva ao PSD, que exige agora saber onde está o resto, ou seja, 1,3 milhões.

“A resposta revela os valores depositados nesse fundo. Diz a resposta que estão transferidos para o fundo 1,9 milhões de euros, de um total de 3,2 milhões, que serão a declaração de intenções de transferência no valor total”, disse aos jornalistas Teresa Morais, do PSD.

Estes números contrastam em absoluto e de forma que, diria, ridícula, com aquela informação que circulou na opinião pública e publicada, acerca dos valores que teriam atingido os donativos dos particulares. Isto revela, por parte do Governo, uma total descoordenação e incapacidade de gerir os próprios donativos privados que se propôs através da criação de um fundo”.

Teresa Morais lembra que o Governo entendeu que “devia ser ele a gerir” os donativos que os portugueses fizeram, pelo que defende ser “absolutamente imperioso” que o Executivo socialista “esclareça o valor do restantes donativos que não estão no fundo e que dê uma explicação aos portugueses acerca dessas quantias e de qual é o destino que lhe está a ser dado”.

Mais de dois meses depois do grande incêndio de Pedrógão Grande, os autarcas da região suspeitam que as verbas recolhidas na onda de solidariedade para com as vítimas possam ter sido desviadas e pedem a intervenção do Ministério Público.

É possível que se tenham angariado vários milhões de euros. Para além dos movimentos de solidariedade mais mediáticos, os autarcas de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos dizem ao jornal i, que foram abertas dezenas de contas, em Portugal e no estrangeiro, mas desconhecem o destino desse dinheiro.

É por isso que, em declarações ao i, o presidente da câmara de Pedrógão anunciou que as autarquias vão pedir a intervenção do Ministério Público, para perceber, junto do Banco de Portugal, quantas contas foram afinal abertas, por quem, e querem também saber os montantes que estão em causa.

Dois milhões de euros de donativos em dinheiro

Fundo Revita conta com mais de 20 entidades aderentes, num total de cerca de dois milhões de euros recebidos, informou hoje o Governo.

“Até à data, aderiram ao fundo mais de duas dezenas de entidades, com donativos em dinheiro, em espécie e em prestação de serviços, tendo sido entregues donativos em dinheiro no valor de cerca de 2 milhões de euros”, afirma o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), aqui num comunicado enviado à agência Lusa.

O ministério sublinha que os donativos apenas são entregues ao Revita “por decisão dos doadores”, sendo que o Governo e o Conselho de Gestão do fundo têm também cooperado com a Cáritas Diocesana de Coimbra, a União das Misericórdias Portuguesas e a Fundação Calouste Gulbenkian, que agregaram outros donativos.

A competência do Conselho de gestão do Revita cinge-se aos donativos entregues ao Fundo Revita, sendo que estes donativos destinam-se prioritariamente à reconstrução das habitações afetadas pelos incêndios e ao seu apetrechamento, bem como ao apoio aos agricultores”.

Questionada pela agência Lusa, a tutela explicou ainda que “não pode responder sobre outras contas solidárias e/ou outros donativos, uma vez que se trata de dinheiro de entidades privadas”, não sendo responsável pela abertura ou fiscalização dessas mesmas contas.

O incêndio que começou em junho em Pedrógão Grande provocou 64 mortos e cerca de 250 feridos. Foi apenas extinto uma semana depois. Alastrou a Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Penela e Sertã.

 

Fonte: TVI24