Uma médica de serviço no hospital de Santarém foi surpreendida a jogar computador por uma utente que estava há mais de uma hora à espera para ser atendida no serviço de urgências, sem nenhum outro doente à sua frente.
A queixosa, Mara Cardoso, que ainda conseguiu tirar uma fotografia com o seu telemóvel à caricata situação, vai apresentar queixa na Ordem dos Médicos e desconfia da validade da exposição que preencheu no Livro de Reclamações que lhe entregaram.
O caso ocorreu na madrugada de segunda-feira, 29 de Abril, quando Mara Cardoso sentiu uma forte dor no peito e dirigiu-se ao serviço de urgências.
Depois da triagem, às 2h37, estranhou o ambiente deserto na sala de espera.
“Ao fim de meia hora, perguntei a uma enfermeira porque não era atendida, visto estar tudo calmo, sem ninguém à minha frente. Disse-me que os médicos estavam a fazer os internamentos e a tratar de outros processos”, explicou a utente à Rede Regional.
Mas, “como tudo tem limites”, depois de uma hora e 10 minutos sem ser consultada, perdeu a paciência e exigiu de volta os 18 euros que tinha pago de taxa moderadora, para se dirigir à urgência do Hospital Privado de Santarém.
“Fui informada no guichet que tinham ordens do Conselho de Administração para não devolver o dinheiro”, conta Mara Cardoso, que pediu de seguida o Livro de Reclamações.
Ao olhar para ele, ficou incrédula ao perceber que o livro nem sequer tinha termo de abertura preenchido.
“Assim, nada me garante que tudo o que lá está não vá diretamente para o lixo”, acrescenta a queixosa, que, perante a situação, exigiu falar diretamente com alguém responsável, já dentro da urgência.
E é então que lhe indicaram o caminho para a sala reservada aos médicos, onde, ao entrar, se depara com a clínica, que estava de serviço, calmamente a jogar “Puzzle Bubble” no computador.
“Tratarem as pessoas desta maneira é revoltante”, considera a queixosa, que ainda conseguiu tirar uma fotografia ao monitor antes de se vir embora.
A falta de termo de abertura no Livro de Reclamações também está fotografada e ambas vão seguir na exposição que vai fazer à Ordem dos Médicos.
“Eu não quero protagonismos, mas acho que estas situações têm que ser denunciadas e que as pessoas não podem ficar quietas e caladas”, acrescentou ainda Mara Cardoso.
A Rede Regional contatou a médica visada, que se recusou perentoriamente a prestar declarações.
Foram também pedidos esclarecimentos ao Conselho de Administração do Hospital de Santarém, que ficou de devolver o contato, mas não o fez até ao momento
Médica disse-lhe que podia muito bem esperar duas horas
Esta é a fotografia que Mara Cardoso tirou antes de se vir embora das urgências do hospital, sem ser consultada. Uma vez que a médica recusou prestar declarações sobre o caso, a Rede Regional optou por cortar a sua imagem.
O que mais revolta Mara Cardoso é a forma como foi tratada pela médica em questão, depois de a ter confrontado com o facto de estar a jogar computador em vez de atender os doentes.
“Ainda se exaltou, discutiu comigo e disse-me que eu podia bem esperar duas horas, uma vez que tinha pulseira verde”, conta a utente.
Entretanto, segundo o relato de Mara Cardoso, a clínica desligou o monitor do computador enquanto falava com ela, mas voltou a ligá-lo pouco depois.
“Parecia que ainda estava a gozar comigo. Como tinha o telemóvel na mão, tirei a fotografia e vim-me embora, até porque estava bastante nervosa”, explica.
Mara Cardoso saiu do hospital de Santarém por volta das 4 da manhã e regressou às urgências no mesmo dia, por volta das 15 horas, depois da troca da equipa médica, e ainda com a forte dor no peito.
Fonte: Rede Regional