Governo chega a acordo para pagar mil milhões de euros em dívida seis a 20 anos mais tarde do que o inicialmente contratado
O governo conseguiu um acordo com alguns credores (bancos e fundos essencialmente) no sentido de aliviar o calendário de amortizações de dívida pública de 2017 a 2019 em cerca de 1012 milhões de euros, anunciou o IGCP, a agência que gere o endividamento da República, e que nesta sexta-feira avançou com uma “oferta de troca de Obrigações do Tesouro”. Segundo o instituto, mais de dois terços do dinheiro devido neste período de 2017 a 2019 (733 milhões de euros) será pago apenas em 2025. O resto (279 milhões de euros) é adiado até 2037. Uma folga que pode ir de seis a 20 anos, consoante os casos.
Mais folgados ficam os exercícios dos próximos três anos, já de si muito exigentes (a continuam a sê-lo, dado os valores envolvidos a pagar aos credores). A carga é aligeirada em 547 milhões de euros já em 2017; mais 315 milhões de euros saltam de 2018 e outros 150 milhões são libertados de 2019. Todas estas emissões de dívida (leilões), cujo pagamento foi agora parcialmente atrasado, foram realizadas pelo antigo governo do PS, liderado por José Sócrates. O ministro das Finanças era Fernando Teixeira dos Santos. Segundo um comentário de Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, enviado às redações, “o mais relevante – e o que interessa ao Estado português – foi conseguir fazer o chamado roll over da dívida [deslizamento, com alargamento de maturidades]”. Assim é porque a dívida mantém-se a mesma, mas parte será paga mais tarde. Trata-se de “trocar dívida que teria que ser paga em breve, por outra que só terá que ser paga mais tarde.” Para o analista significa que “o Estado comprou tempo”. “Já não terá que amortizar em 2017, 2018 e 2019, passando dois terços dessa dívida para 2025 e um terço para 2037. Mantém-se a dívida, mas estende-se o prazo. Do ponto de vista do interesse do país, acho que foi uma operação positiva”, referiu o mesmo gestor. Resumindo: foram recompradas obrigações que se venceriam em 2017, 2018 e 2019. E foi vendida dívida, que passa a vencer em 2025 e 2037.
Fonte: Económico