No domingo, o jornal espanhol El País dedicou um artigo a Isaltino Morais, eleito presidente da Câmara Municipal de Oeiras, ou “o presidente corrupto que os portugueses adoram”.
Javier Martín Del Barrio assina um artigo do El País sobre Isaltino Morais, no qual expõe o autarca “condenado por fraude fiscal e branqueamento de dinheiro”.
O artigo começa com a estupefação do autor face ao slogan escolhido para a campanha do jurista e político português: “Inovar Oeiras de Volta”, era o que prometia Isaltino Morais durante a sua campanha, mas o jornal não compreende “como se pode ganhar uma eleições autárquicas dizendo que voltas se não és o Super Homem?“.
Mas a verdade é que “depois de escrutinados os votos, se Isaltino não é o Super Homem, parece. No passado domingo (1 de outubro), Isaltino Morais conseguiu 42% dos votos dos cidadãos de Oeiras”, explica o artigo.
Depois disto, o El País traça o percurso de um homem que “nunca teria abandonado a sua rica autarquia”, não fossem os problemas com a justiça. “Se a prisão não o tivesse impedido, Isaltino teria sido sempre o presidente de Oeiras, desde as primeiras autárquicas a que concorreu, em 1985”.
“Ganhou todas as eleições e só deixou a sua autarquia em 2002 para ser Ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente de Durão Barroso”. Depois disso, já se sabe: “durou pouco no Governo, o tempo de os jornais descobrirem as contas ocultas na Suíça, razão pela qual deixou o ministério e o seu partido, o PSD”.
O jornal espanhol descreve depois a luta judicial que Isaltino Morais tem travado com a justiça para “evitar graves condenações“. “Em 2009 foi condenado a sete anos de prisão, uma multa de quase meio milhão de euros e a perda de cargo público, por fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva para to ilícito e branqueamento de capitais”.
“Desde então, Isaltino apresentou 44 recursos e escalou todas as instâncias até ao Tribunal Constitucional. Em 2010, finalmente, é condenado a dois anos de prisão, apesar de o autarca não ter entrado numa prisão até 2013, passando 14 meses como recluso”, vai descrevendo o jornal.
Mas a história não acaba aqui e o El País escreve ainda que, quando Isaltino Morais saiu em liberdade condicional foi com a oposição do Ministério Público porque “não existem provas de que, no futuro, Isaltino não cometerá novos delitos“, apelidando ainda o autarca de “frauderman“.
O artigo finaliza com uma comparação com o regime moçambicano, “antiga colónia portuguesa”, como é descrito pelos espanhóis, já que o parido que governa, a Frelimo, defende que os corruptos não devem ser ostracizados, “muito pelo contrário, é preciso reintegrá-los. Isaltino é o grande reintegrado de Portugal“, remata.
Fonte: ZAP