Passos Coelho discursou quase uma hora aos cerca de dois mil militantes que foram à rentrée do PSD em Quarteira
Um forte ataque à nova Lei da Nacionalidade, que regula como se podem autorizar imigrantes a viver em Portugal (e como se pode expulsá-los) marcou hoje o discurso de Pedro Passos Coelho na Festa do Pontal.
“O que é que vai acontecer ao país seguro que temos sido se se mantiver esta possibilidade de qualquer um viver em Portugal?”, perguntou o líder do PSD, depois de recordar que a um estrangeiro bastará invocar a “promessa” de um contrato de trabalho em Portugal para obter direito de residência.
É que, acrescentou, além do mais, segundo a nova lei, o Estado “deixa de poder expulsar alguém que cometeu crimes graves”.
Um raro elogio ao Presidente da República marcou também a intervenção do líder ‘laranja’. O Presidente – disse – “vetou, e muito bem” a lei que proíbe a câmara de Lisboa de abrir a privados o capital da Carris, afirmou.
No seu entender, esta proibição prova que “hoje vivemos no espírito constitucional de 1975” e da “irreversibilidade das nacionalizações”.
Por isso, acrescentou, esta matéria “não se poderá tratar de qualquer maneira” quando, por força do veto do PR, regressar à AR. Por estar em causa uma questão delimitação de setores, “é nossa convicção de que não se poderá reaprovar a lei da Carris com mera maioria absoluta”. Dito de outra forma: o PSD acha que são necessário dois terços, ou seja, que sem o voto do PSD a lei não passa.
Tal como no ano passado, o líder do PSD insistiu na ideia de que “a geringonca está no imobilismo em relação ao futuro”, isto é “está esgotada” e vive na “preferência pela estatização e pela colectivização”. “Temos um país adiado do ponto de vista estrutural e cativado do ponto de vista orçamental” e tudo aponta para que, se os próximos dois correrem como os primeiros dois deste Governo, “teremos perdido uma legislatura a viver à conta do que se fez no passado”.
Ressalvando não querendo ter “uma visão negra do futuro”, Passos acrescentou, porém, que “o futuro negro que já tivemos no passado teve origem em governos socialistas” como o atual, que também “não gostavam de ser criticados”.
O PSD, pelo seu lado, acrescentou, “não se junta à festa” e recusa todos os apelos nesse sentido, porque acha que “a vontade do Governo mudar qualquer coisa não está nas intenções de quem governa” e “quem governa hoje – aquilo a que se chama a geringonça – não tem espírito reformista”, governa “sem que isso tenha de chatear ninguém”.
Fonte: DN