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Passos Coelho vai ganhar tanto como um professor universitário no topo da carreira

A notícia de que Passos Coelho vai ser professor catedrático convidado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa, com um salário equiparado a quem atinge o topo da carreira de docente universitário, está a causar polémica.

Depois de deixar a política, Passos Coelho vai se tornar professor em três Universidades.

Jornal de Negócios revelou que Passos Coelho vai dar aulas de Administração Pública a alunos de mestrado e de doutoramento no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa.

O ex-primeiro-ministro deverá ter o estatuto de professor catedrático convidado, com equiparação salarial à de professor catedrático, o topo da carreira no Ensino Universitário, constata o Negócios.

Este facto está a gerar desconforto entre alguns académicos e figuras públicas, como é o caso da historiadora Raquel Varela que usou o Facebook para manifestar o seu desagrado.

“Passos Coelho conseguiu, pago pelos nossos impostos, destruir os serviços públicos, que já não existem com qualidade mas que continuamos a pagar (…) e acaba a dar aulas numa universidade pública, paga por nós, onde vai ensinar a outros como continuar a destruir serviços públicos, que continuaremos a pagar, mesmo quando já não existirem”, queixa-se Raquel Varela.

O também historiador Rui Bebiano, da Universidade de Coimbra, considera, em declarações ao Diário de Notícias que, “sem formação, mérito ou reconhecimentonão faz sentido, a não ser por nepotismo, o convite dirigido pelo ISCSP a Passos Coelho”.

“É uma desonra para uma escola pública, e uma afronta para quem, no sistema universitário, tanto dá ao longo da vida subindo custosamente a pulso, ou nem sequer o consegue fazer devido ao rigoroso limite de vagas”, acrescenta Rui Bebiano.

Já o professor de Direito e de Economia Nuno Garoupa salienta que o ISCSP é “uma espécie de “Estoril académico” dos exilados da política”, “o local preferido das vítimas da austeridade”. “Primeiro Seguro, agora Passos. Só falta Portas e até parece um remake de 2013″, desabafa o docente universitário.

António José Seguro, ex-líder do PS, é actualmente professor auxiliar no ISCSP.

O Instituto é presidido por Manuel Meirinho, que foi eleito deputado do PSD nas eleições legislativas de 2011, o sufrágio que catapultou Passos Coelho para o Governo.

Em defesa de Passos Coelho, sai o deputado do PS Sérgio Sousa Pinto, considerando que “a experiência de um ex-primeiro-ministro, qualquer que seja, é única e valiosa“. “Por isso são disputados pelas melhores universidades dos seus países”, constata, realçando que o ex-governante é “testemunha privilegiada e actor de um período crítico da vida nacional”, independentemente da “avaliação que fazemos” da sua actuação durante o mesmo.

Fonte: ZAP