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PJ encontra indícios de negligência e mão criminosa em Pedrógão Grande

Inquérito já tem mais de uma centena de testemunhas.

A investigação da Polícia Judiciária encontrou indícios de negligência nas mortes de Pedrógão. Já foi ouvida quase uma centena de testemunhas que confirmam a sucessão de falhas que levaram às 64 vítimas mortais do incêndio de junho: a negligência vai desde os meios de socorro, à Proteção Civil, até à atuação dos elementos da GNR que mandaram os automobilistas para a estrada da morte. E sem esquecer a Ascendi que tinha também responsabilidades na limpeza das bermas junto às autoestradas.

O inquérito, que está a ser acompanhado pelo Ministério Público de Coimbra, está já numa fase muito adiantada. E admite-se a constituição de arguidos já no próximo mês de outubro. O objetivo dos investigadores é que o processo esteja concluído ainda este ano. A conclusão dependerá também de perícias técnicas que foram feitas no local.

Quanto às causas do fogo, a Judiciária deverá manter que não houve mão criminosa. As causas naturais são as conclusões do peritos que insistem na tese de que a queda de um raio numa árvore poderá ter propagado as chamas.

A investigação entretanto desencadeada mostrou  uma série de falhas. E a Judiciária e o Ministério Público, ambos de Coimbra, deverão avançar para acusações de homicídio por negligência.

CM sabe que foi criada uma equipa especial para investigar este processo que está também a ser acompanhado de perto pela hierarquia do Ministério Público, em Coimbra.

Vítimas desesperam sem ajuda para receber a família
Patrícia Santos,  companheira do ferido mais grave do incêndio de Pedrógão Grande, que sofreu queimaduras em 85 por cento do corpo e ainda corre risco de vida, só conseguiu obter ajuda uma única vez para o visitar, no Hospital Lá Fé, em Valência (Espanha), onde continua internado e a fazer transplantes de pele.

A jovem de 29 anos, atualmente a residir em Pedrógão Grande, esteve no hospital cinco horas com o companheiro, Carlos Guerreiro, 43 anos, no dia 29 de agosto. Viajou acompanhada do filho Pedro, que nasceu um mês após o incêndio, e da enteada mais velha, de 18 anos. O bebé não pôde entrar no hospital, pelo que o pai só o conhece através das fotografias que Patrícia lhe levou.

“Pedi ajuda à Associação das Vítimas e eles conseguiram que a TAP oferecesse os bilhetes de avião e o consulado as deslocações em Espanha, mas foi só para esse dia”, conta Patrícia Santos, lamentando não poder estar perto do companheiro, para o ajudar na recuperação. “Queria estar perto dele, mas já não sei a quem mais recorrer”.

PORMENORES
Fogo passou autoestradas
A responsabilidade pela falta de limpeza das bermas junto às autoestradas pode ser imputada à Ascendi. Pode haver arguidos desta empresa, tanto mais que o fogo passou as autoestradas, propagando-se.

GNR vão ser ouvidos
Os elementos da GNR que deram indicações a quem fugia para usar a estrada da morte ainda não foram interrogados pela Judiciária.

Inquéritos autónomos
As conclusões do inquérito levado a cabo pelo Governo não deverão ser anexadas ao processo-crime.

Incêndio esteve ativo durante uma semana
O incêndio de Pedrógão Grande deflagrou no dia 17 de junho, em Escalos Fundeiros, Pedrógão Grande e estendeu-se a concelhos vizinhos. Esteve ativo uma semana e causou 64 mortes e mais de 200 feridos, uma dezena dos quais ainda estão hospitalizados.

Pessoas fugiram de carro e foram ao encontro da morte
Das 64 vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande, 47 foram encontradas na EN236-1, que liga os concelhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos. Sabe-se agora que 30 ficaram encurraladas dentro dos carros, não conseguindo escapar às chamas que de repente e sem aviso mudaram de direção. As outras 17 estavam na estrada, pois teriam tentado fugir.

Ministra quer ver tudo esclarecido
Com vista a esclarecer as causas da tragédia, a Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, decidiu publicar os  relatórios e estudos realizados pelas várias entidades presentes no incêndio.

Leilão de arte rendeu 38 mil euros
O leilão ‘100 artistas solidários com Pedrógão Grande’, promovido pela Fundação Júlio Resende, em Gondomar, rendeu 38 635 euros. Irá financiar bolsas de estudo.

Arraial Solidário
O arraial solidário realizado em Vila Facaia, rendeu 2433 euros. Será para a junta de freguesia comprar materiais de construção e ajudar quem tudo perdeu e mais precisa.

 

Fonte: CM