Rui Lopes é um investigador português que trabalha há cinco anos no centro de investigação do Instituto Nacional do Cancro, onde contribuiu, com o seu trabalho, para uma descoberta importante no diagnóstico e tratamento do cancro.
“Uma ferramenta molecular, que identifica regiões do genoma que ainda não estavam definidas. Utilizamos uma ferramenta molecular – um nome quase chinês, o CRISPR-Cas9 – que permite alterar o DNA das células que pretendemos trabalhar, de uma forma muito fácil”, começa por explicar à Renascença.
“Usando esta ferramenta tem-se o potencial, por exemplo, para corrigir mutações que ocorrem nas células do cancro. Falando em terapia génica, ao usar esta ferramenta podemos alterar o DNA e observar um tipo de comportamento nas células que estamos a estudar”, adianta.
Rui Lopes explica ainda que, na prática, utilizou-se o CRISPR-Cas9 “para investigar regiões do genoma que ainda não tinham função definida”, descobrindo-se “que estas regiões controlam a actividade celular e a divisão celular das células do cancro”.
“O facto de termos encontrado estas regiões que ainda não eram conhecidas, abre portas para que no futuro se possa ter um melhor diagnóstico e tratamento do cancro, e ao mesmo tempo abre possibilidade para investigar todas as outras regiões do genoma que ainda não têm função conhecida”, conclui o jovem português, natural de Mangualde da Serra.
Rui Lopes trabalhava no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) quando decidiu partir em busca de um sonho. Conseguiu uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia e rumou à Holanda para fazer o doutoramento.
Hoje com 31 anos, é o único português numa equipa multinacional composta por 15 elementos. “O meu chefe é israelita, é um grupo dinâmico, multicultural, um excelente ambiente de trabalho e de investigação, com pessoas muito dedicadas”, refere.
O resultado da sua investigação foi publicado numa das mais conceituadas revistas da área. “Foi uma grande alegria ter conseguido publicar o artigo na revista britânica ‘Nature Biotechnology’, uma revista muito conceituada na área da biologia. A revista ficou classificada como número três do mundo no ‘ranking’ científico, o que quer dizer que o trabalho foi recebido com entusiasmo pela comunidade científica”, afirma.
Após a publicação do artigo, Rui Lopes garante já ter recebido contactos de investigadores espalhados nos laboratórios dos quatro cantos mundo, que pretendem utilizar o mesmo tipo de ferramenta, não só no cancro como noutras doenças, por exemplo as neurodegenerativas.
Rui Lopes revela que desde que iniciou o seu percurso académico demonstrou interesse pela área de investigação relacionada com o cancro. Licenciado em Biologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, é mestre em Oncologia pela Universidade do Porto. A fase final do doutoramento veio comprovar que “tanto o diagnóstico como o tratamento do cancro têm evoluído imenso. Sabemos mais sobre a doença e um diagnóstico precoce é fundamental para a sobrevivência”, sublinha o investigador.
Fonte: Renascença