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“Uma vez abandonei a minha avó num hospital”

Foi em 2011.

Ligaram-me numa sexta-feira de Novembro a dizer “o lar da avó mandou-a de ambulância para o hospital, porque não gostou do som que ela fazia a respira, podes ir lá tratar de tudo?”. E eu fui.

Garcia de Orta, de que não tinha grandes memórias, à conta da mesma avó.

E acompanhei-a nas (longas) horas que precederam o diagnóstico. E estava lá quando entregaram a radiografia dos pulmões ao médico. E estava lá quando vi a cara do médico a olhar para a radiografia. E soube, naquele exacto momento, que a minha avó não sairia com vida do hospital.

Ficou internada na própria urgência, numa área de internamento provisório.

Fui visitar a minha avó todos os dias. Muitas vezes chegava antes da hora da visita e saía depois desta ter terminado.

O momento em que, para as estatísticas, abandonei a minha avó foi quando uma imbecil duma médica me diz “a sua avó está a reagir lindamente aos antibióticos e vai ter alta porque precisamos da cama”. Escrevi sobre isso aqui (auto-link).

Ora, a minha avó teve alta, e não foi ninguém buscá-la. Tecnicamente foi considerado um abandono. Embora eu tenha lá estado todos os dias e tenha falado com todos os médicos e enfermeiros e assistentes sociais.

A minha avó morreu 4 dias depois da médica me ter dito que ela estava muito melhor e pronta para ir para casa.

Portanto, quando ouvirem a comunicação social referir números de idosos abandonados nos hospitais, pensem nisto.

Fonte: Jonasnuts