Entrada foi barrada, na semana passada, a um grupo de jovens no qual se encontrava um negro. Há três anos, foi Nelson Évora a ficar à porta.
Um grupo de jovens diz ter sido impedido, na semana passada, de entrar na discoteca Urban Beach, em Lisboa, pelo facto de um dos seus elementos ser negro. O SOS Racismo fala na “reincidência” em práticas discriminatórias daquela casa de diversão nocturna, que, há três anos, tinha impedido Nelson Évora e outros atletas portugueses de entrarem com a mesma justificação. A organização quer que as autoridades retirem à discoteca a licença de utilização do espaço.
O caso aconteceu na noite de quinta-feira da semana passada, 15 de Junho. Um grupo de jovens festejava o 18.º aniversário de uma amiga. Tinham saído para jantar e combinado seguir para aquela discoteca no final. “Uns dias antes, a nossa amiga tinha falado com a Urban Beach que lhe disse que, por ser o aniversário dela, ofereceria quatro entradas para os rapazes do grupo”, conta Afonso Estrelo, 19 anos, um dos envolvidos. No final do jantar, um novo contacto para a discoteca sublinhava a mesma garantia: parte dos elementos masculinos não teria que pagar a entrada. Naquela noite, as mulheres entravam gratuitamente e os homens tinham que desembolsar 15 euros.
Os problemas surgiram quando o grupo chegou à porta da discoteca, que fica junto ao rio na zona de Santos. “Estava tudo a correr normalmente à entrada até que chegou uma segunda metade do nosso grupo de amigos, onde vinha o nosso colega negro. O segurança mudou de postura e disse que, para entrarmos, teríamos que pagar 250 euros”, conta Afonso Estrelo.
Não entram “pretos”
Num comunicado em que tornou público este caso, no início desta semana, o SOS Racismo cita a mãe da aniversariante que numa publicação no Facebook atribui ao porteiro a frase: “Uma das regras da casa era não entrarem pretos!”. Afonso Estrelo diz não ter ouvido qualquer comentário racista contra o seu amigo, mas que o súbito aumento de preço da entrada ficou a dever-se à presente deste: “Isso ficou evidente para todos”.
O grupo ainda fez uma segunda tentativa para entrar na Urban Beach, minutos mais tarde, aproveitando uma mudança do segurança que estava à porta, mas acabou por ser barrado, novamente. Afonso Estrela acabou por exigir o Livro de Reclamações da discoteca apresentando uma queixa sobre o sucedido.
O PÚBLICO contactou a administração da Urban Beach para obter um esclarecimento sobre este caso, mas todas as tentativas revelaram-se infrutíferas.
Fonte: Publico